O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora

Lendário, histórico, inspirador de cancioneiros e poetas, o Rio Piracicaba é um dos rios brasileiros mais importantes, localizado numa das regiões mais desenvolvidas do sudeste. Ele é formado pela junção de dois outros rios: o Jaguari e o Atibaia. Sua nascente situa-se na região sul de Minas Gerais, tendo uma Bacia hidrográfica com 12.000 km². Dessa forma o governo paulista decidiu formar o Sistema Cantareira, maior responsável pelo abastecimento de água de São Paulo que capta e desvia águas, reduzindo assim, o nível de água do rio e de seus afluentes.

O rio passa por caminhos sinuosos, banhando várias cidades como: Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Americana, Atibaia, Rio Claro, Santa Bárbara d'Oeste e Piracicaba - no qual lhe inspirou o nome da cidade que em tupi guarani significa “lugar onde o peixe pára”.
Antes de deixar Piracicaba, ele recebe seu maior afluente: o Rio Corumbataí, que nasce em Analândia. Em seguida percorre 250 km de sua formação até a sua foz no rio Tietê entre os municípios de Santa Maria da Serra e Barra Bonita, onde se une as águas do seu último afluente. Juntos, o Rio Piracicaba e o Rio Tietê vão à direção do Rio Paraná que demarca a fronteira entre Brasil e Paraguai. Por fim, o Rio Piracicaba termina mais precisamente na Argentina.


Desde domingo, após chuvas intensas que atingiu a cidade, causou-se pontos de alagamento em Piracicaba, colocando a Defesa Civil em alerta.
Segundo dados, esta forte chuva que atinge a cidade e toda bacia do Piracicaba, ininterruptamente, fez com que o nível do rio atingisse o seu volume máximo de 520 m³ por segundo, assim vários bairros foram afetados como o bairro São Francisco, Parque 1º de Maio, as avenidas Armando Salles de Oliveira e 31 de Março, a região da Estrada do Bongue e a região da Rua do porto - por se localizar próximo ao rio. Desta maneira foram fechados todos os restaurantes.
De acordo com a Defesa Civil várias casas estão alagadas e vários moradores estão ilhados, principalmente os que estão à beira do Rio Piracicaba. E ainda informou que a chuva continua forte em Minas Gerais, assim aumenta o volume dos rios e afluentes que passam pelo Sul de Minas, contribuindo ainda mais para o aumento na vazão do Rio Piracicaba.


Diante do caos e do instinto de curiosidade, resolvi verificar a situação evitando exageros e más interpretações...

Ao observar as fotos chega a ser cômico relembrar que no meio desta calamidade (se é que posso chamar assim) havia várias pessoas olhando o rio, algumas rindo, outras nadando, pescando, alguns animais no meio da calçada dormindo, tinha até crianças brincando na beira. Será que estes seres não sabem a gravidade do ocorrido? Aquelas pessoas que estavam em contato com a água não sabem que podem adquirir doenças?

O mais espantoso foi ouvir várias vezes: “Nossa, como o rio está bonito!”.

Realmente, ele fica lindo quando está cheio, mas ao envolver vidas...não é bonito, não! Lá existem várias casas alagadas, pessoas ilhadas, no qual provavelmente perderam diversos movéis que conquistaram duramente ao longo do tempo. E os restaurantes que foram fechados deixaram algumas pessoas sem emprego, por poucos dias, mas deixaram.

Esta chuva que deixa alagamentos é comum nas cidades grandes e nas cidades do interior também - especialmente nesta época. Até os moradores daqui, por exemplo, acostumaram. Para eles isto virou comum, coisa corriqueira, uma praxe de fato. Mas as verdadeiras vítimas não acostumaram. Garanto.

Eu sei que as chuvas foram e estão sendo fortes demais. Sei também que a culpa não é de São Pedro, coitado! Mas se houvesse mais árvores plantadas ao redor do rio, as chamadas de Mata Ciliar? Se as pessoas não jogassem mais lixos nas ruas, impedindo o entupimento dos bueiros? Ou se elas não jogassem lixos nos rios? Se as pessoas tivessem uma moradia digna, longe da beira do rio? Se a prefeitura impedisse ou diminuísse o despejo de esgoto e produtos químicos? Será que tudo isso não diminuiria o tal desastre? Se...se...se tudo isso acontecer, creio que sim.

Observação: O instituto de pesquisas meteorológicas ClimaTempo diz que a perspectiva é de que o tempo continue o mesmo durante a primeira semana do ano.